quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Sono

Impedida pela língua, calo-me em mim.
E lembro dos olhos tristes daquele João tão antigo.
Tenho olhos de criança.
Porque sem poder me expressar, vejo.
E aqui dentro,olha, toca em mim João: sinta.
Estou diferente.
Não sei bem como, mas que não sou a mesma d'antes não o sou.
Que será que acontece em nós?
É que é tudo tão bonito.
E eu era tão pequena.
E o mundo, ah sim, enorme era aquele mundo. Indomável.
Eu já tive medo do mar, sabe?
E hoje, vejo barcos no céu.
Mas que sentido faz tudo isso?
Diria, João, que não faço idéia. Mas faço, compreende?
Eu mentiria pra você. Assim, só por mentir mesmo.
Estou sonolenta e as folhas estão caindo lá fora.
Vou dormir nos braços da terra.
Adeus João.
Não se avexe não. Volte quando quiser. Sabe que é bem vindo.